Estava tranquilo, procrastinando no meu computador enquanto conscientemente ignorava um episódio de Big Bang Theory quando de repente uma mensagem na tela chamou minha atenção: ‘Fulano curtiu seu próprio comentário’. Fiquei intrigado… Porque alguém curte um comentário que, se não curtisse, não teria feito?
Sempre achei o “auto-curtir” um lance, sei lá, meio masturbatório. Uma forma de auto-massagear o ego, talvez… Ou quem sabe uma demonstração de impaciência pelo reconhecimento alheio ao que foi escrito. Se a pessoa der o exemplo, alguém pode se tocar e curtir também, certo? Ou, quem sabe, uma maneira de chamar a atenção para o que o texto? Não sei.
Imediatamente veio à minha mente a imagem daquele personagem chato; o sujeito que consegue falar a palavra “eu” 5 vezes na mesma frase enquanto te cutuca a todo o momento para chamar sua atenção. O estereótipo do tipo que aprendemos a evitar com o tempo. Mas o sujeito estava lá, se cutucando em público em minha rede social. Decidi ignorar.
Oito segundos depois já havia esquecido completamente o assunto; voltava os pensamentos às coisas legais do facebook num domingo a tarde, procurando avidamente por vídeos de gatos fazendo merda e tal; e uma nova notificação aparece em minha área de trabalho: “-Fulano disse que estava com vc e outras 537 pessoas em uma postagem”. Como assim? O cara estava fazendo a Rave do cutuco e me colocou na estória? A imagem da peça ‘Macaquinhos’ veio à minha mente e pensei: Que filho da puta.
Já há tempos o lance de neguinho ficar me marcando em publicações como se estivesse comigo me incomodava. Não, gente, eu não estava com esta galera num protesto em marte, nem na boca do bicho esquisito que cantava ‘Yellow Submarine’. Tampouco num dos milhares de gritos de protesto que entopem as redes sociais ou na marcha da terra plana (bloqueei o cara que me marcou lá). Respirei fundo, contei até 10 e voltei para assistir vídeos (agora um gato, com uma saia rodada, rebolava freneticamente no ritmo de Macarena).
Pouco tempo depois, PIMBA. Outra mensagem de notificação: “Fulano te marcou em um comentário”. CARALHO. Parei o que estava fazendo e fui ver o que estava rolando. Claro que, como todo chato, o cara escreveu um longo texto (para que ser conciso, não é mesmo?), com TODAS as letras em caixa-alta. Na boa… Escrever tudo em letra maiúscula é a maneira que o chato encontrou de falar gritando e cuspindo no rosto das pessoas. Pra piorar, um lance sobre um presidenciável qualquer, raposa velha da política, taxando o cara de “salvador da pátria”. Gente, é sério? Salvador da Pátria, no Brasil, domingo a tarde e na hora do vídeo do gato dançando Macarena!??
Resolvi ser conciso e deixar uma resposta, também em caixa-alta pra combinar. Coloquei apenas as iniciais pra não perder muito tempo e, carinhosamente escrevi (VSFFDP).
Relaxei, abri meus e emails, voltei a fazer algo inútil e legal… 2 minutos depois, outra mensagem: “Fulano curtiu seu comentário”. FODA.
Neoplace
